sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Milhares de chavistas tomam ruas de Caracas no dia da posse sem presidente



JUAN BARRETO / AFP"Comandante, recupere-se que este povo... vai cumprir lealdade absoluta", decretou vice-presidente na ausência de Chávez
Milhares de seguidores de Hugo Chávez tomaram nesta quinta-feira (10) as ruas de Caracas para defender a continuidade de seu governo mesmo com a ausência dele no dia marcado para a posse presidencial. O chavismo teve ontem sua cerimônia de celebração, com personalidades da televisão, gritos, coros, discursos e um juramento final de fidelidade de todos os presentes ao presidente venezuelano, manifestação com o objetivo de preencher o vazio deixado por Chávez na data fixada pela Constituição para o início de seu quarto mandato.
O vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, encerrou seu discurso diante de milhares de seguidores do governante, que respondiam com a mão no coração ao juramento coletivo.
— Aqui em Caracas, hoje, 10 de janeiro, dizemos ao comandante Chávez: comandante, recupere-se que este povo jurou e vai cumprir lealdade absoluta.
O ato se transformou em uma homenagem ao presidente e contou com a participação dos chefes de Estado convidados: o boliviano Evo Morales; o nicaraguense Daniel Ortega e o uruguaio José Mujica, que discursaram ao lado de primeiros-ministros e chanceleres de vários países latino-americanos e caribenhos.
Morales assegurou que a saúde do presidente venezuelano é uma "preocupação" de todos os povos anti-imperialistas do mundo porque ele "representa a luta anti-imperialista e anticapitalista". Mujica pediu que, se o governante venezuelano não puder estar presente no dia de amanhã, que prevaleça a "unidade", a "paz" e o "trabalho".Já Ortega advertiu sobre a necessidade de evitar os enfrentamentos.
— É a paz o que mais temos que cuidar neste momento, porque o confronto e a morte na Venezuela levariam ao confronto e a morte em toda América.
"Sabotagem" da oposição
Chávez está internado em Havana desde 11 de dezembro, quando foi operado de um câncer situado na zona pélvica e sobre o qual, segundo o ministro de Comunicação, Ernesto Villegas, informou-se "suficiente, devida e oportunamente". Villegas acusou a oposição de confundir "direito à informação com morbidez". De acordo com os últimos informes, Chávez está em estado "estacionário", com uma insuficiência respiratória consequência de uma infecção pulmonar severa.
Sua ausência causou uma discussão sobre a forma como se deveria proceder constitucionalmente, mas no final a Suprema Corte decidiu na quarta-feira (9) aprovar a tese do governo e permitir que Chávez assuma formalmente o cargo quando se recuperar, e que o Executivo que deveria se encerrar na quinta continue suas funções.
Antes do simbólico juramento, o vice-presidente Nicolás Maduro criticou oposição e a acusou de querer aplicar um golpe. Segundo o dirigente, há um plano de "setores da extrema-direita para buscar um morto e encher de sangue as ruas da Venezuela". O vice-presidente venezuelano citou as manifestações que a oposição vai realizar, segundo ele "uma espécie de sabotagem", e pediu que a polícia tome cuidado com as ações que irão acontecer.
— Convidamos eles a não se colocarem loucos e respeitarem a paz desta pátria, essa oposição que sempre cai na tentação golpista convocamos a refletir.
Maduro defendeu a unidade que existe na direção do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), particularmente com seu "irmão", Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional, e acusou a imprensa do mundo de mentir todos os dias e de querer demonstrar que existe uma divisão interna.
— Estamos nos matando de amor pelo povo, estamos nos matando de lealdade a Chávez e a esta pátria.
A oposição rejeitou nesta quinta-feira (10) a decisão do Tribunal Supremo de Justiça e convocou uma manifestação pacífica para 23 de janeiro, dia em que se lembra o 55º aniversário do final da última ditadura militar. O deputado Alfonso Marquina, em nome do bloco da oposição, questionou a decisão da Justiça, afirmando que o Supremo nem ao menos considerou uma ausência temporária do presidente. Já Maduro lembrou que os últimos dias foram "duros para todos", desde a operação de Chávez, há 30 dias. Ele afirmou ainda que Chávez está "em batalha".
— Nós te dizemos: comandante, tranquilo, continue sua batalha que aqui têm um governo bolivariano e um povo revolucionário."Comandant

    Nenhum comentário:

    Postar um comentário